A capa especial de Cleo Pires na Playboy

Antes de mais nada, deixe-me confessar: sim, eu estava louco para ver a Cleo Pires na Playboy. Sua beleza se destaca. Traços fortes, marcados como é incomum em rostos femininos, mas ainda assim muito sensuais.

A capa alternativa A capa oficial

Eis então que a Playboy resolve publicar dois ensaios principais na mesma edição. Ainda mais, fez dez por cento da tiragem com uma capa fora do seu padrão esperado. Uma foto de Jacques Dequeker, autor do primeiro ensaio, preta e branca, fosca, com tipos revestidos em vermelho.

Recorte da capa

Linda! Linda, mesmo! Chamaram-na de “estilo oitentista”, “estilo mulherão”, mas chamo de objetiva! Só as formas do corpo de Cleo, definidas pela luz. Nada mais.

Corri atrás de uma! Qual minha surpresa quando descobri que nas bancas com ambas as capas, a branca não saía:

— Linda essa capa, não?

— É diferente – diz a balconista meio sem graça. – Sei que eu não vendi nenhuma.

— A revista não tem saído?

— Tem, sim! Vende de monte! Mas ninguém quer essa capa.

Não sei que desculpas absurdas dariam para isso, mas pelo menos não fui o único a gostar. A enquete no site da Globo mostra, enquanto escrevo, que 44% dos votantes concordam com a gente.

Qual o charme dessa capa? Além de ser inesperada, bem fora dos padrões da revista, há uma ótima composição.

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Considerando a regra dos terços, a silhueta se acomoda no terço vertical central, enquanto suas formas mais destacadas do todo, o seio e o cabelo, vazam para os terços adjacentes. O primeiro terço horizontal abriga o pescoço e o rosto em que a língua de fora cria formas mais interessantes do que o cabelo. Sem falar na ironia da perna do “Y”.

Os dois grupos de texto se penduram sobre as divisões do primeiro e do segundo terços horizontais.

O peso da capa é equilibrado pelo logotipo no topo e o nome “Cleo Pires” sobre a divisão do segundo e terceiro terços. Ambos em vermelho. Só lamento a fonte escolhida. Seria melhor escrito a mão, para evitar a repetição de formas nas letras. Apesar de cursiva, qualquer fonte parece mecânica demais diante de formas tão orgânicas no fundo.

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As diagonais e os quadrados implícitos da capa são ainda mais interessantes. O eixo da silhueta e a língua se apóiam sobre a vertical central da capa. A diagonal do quadrado inferior liga o seio e a nádega. Já a do quadrado superior, liga o seio e o topo da testa. Uma diagonal da capa completa divide a silhueta do cabelo e do torço. Acima do quadrado inferior, flutuam o rosto e a língua estendida.

Fico feliz pelo texto ter sido distribuído apenas no lado direito, de forma a valorizar a bela composição.

Belíssima capa. Espero que não encalhe nas bancas. Porque o resto da revista, pela fama da modelo e pela qualidade das fotos, não vai encalhar mesmo.

sobral

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